sábado, 25 de abril de 2009

"A Metamorfose ou Os Insetos Interiores ou O Processo"

Por Fernando Anitelli - Teatro Mágico

Notas de um observador:
Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm...
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos
Redondos e triangulares,
De qualquer forma: são todos quadrados.
Ovários oriundos de variadas raízes, radicais,
Ramificações da célula rainha!
Desprovidos de asas não voam nem nada(m)
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo.
Queimam seus filmes e suas floras
Para eles:

tudo é capaz de ser impossível.

Alimentam-se de nós...
Nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas
Avoam e bebericam sobre as fezes
Descansam sobre a carniça...
Repousam-se no lodo.
Lactobacilos vomitados sonhando
Espermatozóides que não são.
Assim são:

os insetos interiores

a futilidade encarrega-se de maestrá-los.
São inóspitos.
Nocivos.
Poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
Das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia
o veneno se refugia no espelho do armário
Antes do sono: o beijo de boa noite.
Antes da insônia: a benção.
Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa: a família.

São soníferos...
Chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, infertebrados.
Arrancam as cabeças de suas fêmeas.
cortam os troncos
Urinam nos rios
E na soma dos desagravos, greves e desapegos,
esquecem-se de si.
Pontuam-se.
A cria que se crie!
A dona que se dane!

Os insetos interiores proliferam-se assim...
na morte e na merda.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago
a sensação de... ? O que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformado
parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
que romper com as correntes de preguiça e mal dizer
Silenciam-se no holocausto da subserviência,
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim...
Descompromissados com o próprio rumo,
desprovidos de caráter e coragem
desatentos ao próprio tesouro...
Caem.

Desacordam todos os dias
não mensuram suas perdas e imposturas!
Não almejam.
Não alma.

Já não mais amor.

Assim são:
Os insetos interiores.

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